Leia se tiver estômago

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Companheira

"Sai do bico da torneira o choro de um coro de curiós e juritis"

No fim da noite
Quero acordar do teu lado
Olhar para tua fronte
E te beijar os lábios.

Aprecio muito sua companhia;
Quero-lhe numa manhã de segunda.
E mesmo que esteja fria,
Ainda te agarro pela bunda.

Vem ficar comigo na sombra,
Encha-me com tudo o que tem.
Seja na ressaca ou na lombra
Você é que me faz bem.

Quando estiver sem conteúdo,
Saiba que não terei mágoa,
Pois entenda que no fundo,
Amo-lhe, minha garrafa d'água.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Adorável sina ébria

Seja em qualquer lugar
Aconteça a qualquer momento,
No balcão ou na mesa do bar,
Ouvindo meu riso ou lamento.

Mas a moça que traz a cerveja
Leva-me o coração embora.
Não que seja isso que almeja,
Principalmente o de tal escória.

Ela ri das minhas piadas.
Não sei se só por trabalho
Se comove com as minhas ciladas.
A minha paz leva pro caralho.

Ela me faz voltar ao boteco,
Faz-me querer beber oceanos
E eu, já louco de cana, não nego,
Acabo formulando altos planos.

Me empresta essa tua caneta
Pra que eu possar rabiscar um verso.
Deixa livre essa tua boceta,
Vamos virar a noite com sexo.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Ces Oreillers

Não que eu seja machista,
Narcisista, psicótico egoísta
Mas todo homem precisa
Pra dormir
De uma mulher ou 4 travesseiros

A cama fria e solitária
Capciosa e ordinária
Precisa pra dormir
De uma mulher ou 4 travesseiros

Que homem dorme ao relento
Embaixo de chuva e vento
Não gostaria
Pra dormir
De uma mulher ou 4 travesseiros

Abraço o litro e bebo,
Absorto na mulher do enredo
Ansioso pra dormir
Com ela sendo meus travesseiros!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

O Poeta em Mim

Há um poeta dentro de Mim
Poeta que eu quero calar
Que me sussurra ao ouvido
Que não me deixar falar

Eu quero não mais ouví-lo
E  os ouvidos posso tampar
Mas continuo a ouví-lo
Disposto a me embriagar

Há um Poeta dentro de mim
E ele é alcoólatra, não eu!
Mas ele faz com que eu beba
Então me empurra pro breu,

E quer falar alto e sozinho
Onde já não existe mais eu
Dentro do Poeta Alcoólatra
Toda a humanidade sumiu!

Há um poeta dentro de Mim
E eu coloco-o pra escrever
Mas quem escreve sou eu
E ele não gosta daquilo que lê

Diz que eu não tenho talento
E pra poeta, não vou servir,
Pra aumentar meu tormento
Diz que é melhor eu beber!

Há um Poeta dentro de mim
Que só dita no escuro e a noite
Mas não assina seus versos
Ele deixa pra mim esse trote

Gosta de dizer o que quer
Depois de dito, ele ri e some
Incita a discórdia em todos
E deixa assinado O Meu Nome!

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

O vira-latas

"Ele voltou. O boêmio voltou novamente..."


Como pode vil vira-latas
Continuar preso em casa
Se bem estão as patas
E isso lhe arrasa?

Muitas ruas ainda hão
De ouvir passos e rosnados.
Muitas luas escutarão
Seus uivos desesperados.

O funesto dia vai chegar
Em que se cessarão os latidos
E a jornada finda estiver.

Ele se lembrará do lugar,
De como dele foi remido
E daquela bela mulher.

sábado, 29 de novembro de 2014

Não é que eu não tenha medo...

Eu só não me importo
Porque eu já estou morto,
Condenado a este inferno
Sombrio do esquecimento;

Eu choro diante do espelho,
Escondo as lágrimas num copo.
Depressa, eu não as quero!
Fortuito, nem sequer fortuito.

Caminho com olhar medonho
Procurando lembrança num olho
Que vem de frente comigo.
Amigo, amigo? ou inimigo?

Não sei, não sou eu que escolho.
O meu passado é muito rico,
Tão valioso quanto de outro.
Ouro, tesouro de tolo!

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Meia história

Vou contar-lhes uma história
De um homem não tão bom
Que representava a escória
Mas tinha um grande coração

Encostado ao balcão,
Me pedia uma bebida
"Me dê algo amargo"
Servia lhe jurubeba
"Isso é amargo?"
"Não viveste a vida?"

E seu apelido é Jámorreu
Seu nome é Faztempo
Viverá muito mais que eu
Até terminar seu sofrimento

Parou de beber um tempo
Por um câncer na garganta
E pra iniciar o tratamento
Tirou dentes da mandíbula
Ficou com hálito fedorento
Mas não perdeu a esperança

Ele tinha uma bicicleta
Que ele a carregava
Quando precisava dela
Era aí que o pneu furava

Jámorreu é um exemplo
De um homem persistente
Nunca deixou de viver
Mesmo muito doente
Voltou a fumar e a beber
E sorrir sem nenhum dente

Seu companheiro é o breu
Está sempre no puteiro
Viverá muito mais que eu
Até comer o mundo inteiro!

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Afetuosamente canalha

Já não tenho esquinas
Onde eu possa ficar,
Pois por todas as meninas
Insisto em me afogar.

Já não tenho mais critérios
Não discerno bom ou ruim.
Sei que todas têm mistérios
Nos quais me perco de mim.

Se é a pinta ou o nariz,
Se tem marca de nascença
Ou se notória é a cicatriz
Já desvirtua minha cabeça.

Pois todas elas eu amo,
E por todas elas eu bebo,
Por todas elas eu clamo
Por todas perco o sossego.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Procura-se amigos mudos

Procura-se amigos mudos
Que não vejam defeitos
Nem ouçam asneiras

Procura-se amigos mudos
Pra não velejar em sonhos
Nem surfar em esteiras

Procura-se amigos mudos
Que não sejam estreitos
E nem percam as beiras

Procura-se amigos mudos
Que não digam o que pensam
De nenhuma maneira

Procura-se amigos mudos
Que não ébrio estejam
Pra não beber cachoeiras

Procura-se amigos mudos
Não pra meses, ou anos
Mas pra uma vida inteira

E diante da tristeza
Mudos e turvos
Aconselhadora beleza

Hão de agradar! 

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Fuck the rain!

"Vendo as pedras que choram sozinhas no mesmo lugar"


Enfia essa estaca
No meu coração
Deixa tua marca
Na minha depressão

Joga o cabelo
Pra me enforcar
Afaga o joelho
Me tira do lugar

Me provoca
Pra me deprimir
Me olha
Pra eu sair daqui

Arruma o vestido
E se diverte
Me coloca em perigo
E me inverte

Enfia essa estaca
No meu coração
Deixa tua marca
Na minha depressão

Traga só de zoar
com um puta charme
Pra acarinhar
Meu coração com arame

Faz-me pueril
Faz-me gaguejar o aceno
Faz-me suar frio
Faz-me sentir pequeno

Enfia essa estaca
No meu coração
Deixa tua marca
Na minha depressão

Me humilha
Só de sacanagem
Minha filha,
Não perdi a coragem

Me esnoba
Ignora minha existência
Não se afoba
que eu tenho paciência

Me banha quando não posso
Me seca quando sedento
E quando já não gosto
Ainda assim me lamento.

sábado, 25 de outubro de 2014

Canções Inacabadas

Andando por aí um dia eu notei que havia esquecido de algo
E mesmo assim continuei caminhando, até que um dia encontrei
Muitas canções inacabadas, muitas rimas perdidas
E mesmo assim continuei caminhando, até que numa noite encontrei
Muitos amores perdidos, e pares de tênis fudidos
Andando por aí uma noite eu notei que havia esquecido de algo

Sabe, por muitos dias eu pensei ter cancionado sentimentos
Por muitas noites eu pensei ter trancado meus momentos
Em palavras, as vezes calmas e d’outras furiosas
Mas nenhum dos meus sentimentos ficou naqueles versos
Apenas o sentimento de ter mais uma canção inacabada
Apenas mais uma sensação de ter um amor perdido!

Sabe, por muitas noites eu pensei ter rimado meus lamentos
Por muitos dias eu pensei ter anotado meus sofrimentos
Em palavras, as vezes calmas e d’outras bravas
Mas nenhum dos meus lamentos ficou naqueles versos
Apenas o lamento de ter mais rimas perdidas
Apenas mais uma sensação de ter os pares de tênis fudidos!

06/08

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

O homen e o rato

Era uma vez um rato
Que sofria de uma doença,
Se não tomasse o veneno
Ele mudava sua crença.

Então tornava-se homem
Desesperado pelo veneno,
Pra poder voltar a ser rato
Em seu mundo pequeno.

Era uma vez um homem
Que não brigava por nada,
Mas pra tomar seu veneno
Topava qualquer parada.

Então tornava-se rato,
Num mundo grandioso.
Tomava o seu veneno,
Voltava a homem de novo.

Era uma vez um veneno
Que descansava na prateleira,
Por ele homens e ratos
Faziam muita besteira.

Então tornava-se álcool
Que descia pelo pescoço.
Levava homens e ratos
Para o fundo do poço.


domingo, 28 de setembro de 2014

Aquelas Coxas de Mil Guerras


Num vale montanhoso ao norte
Existe uma linda cachoeira
Cachoeira de muita sorte
Não me deixem dizer besteira

É lá que se banha a sereia
Exuberante e de espírito algoz
Se alheado a sua teia
Teu destino será a foz

Mergulha por lá também
Pernas lindas de uma mulher
Capazes de pirar um homem
Só de na água mexer

Pode ser que lá encontre
Uma flor rara e má
Seu perfume viciante
Um homem pode matar

Espere pelo por do sol
De beleza indescritível
Se for sua intenção
Ver a imagem inesquecível

Ascenda um fogaréu
E prepare-se para noitada
Aproveite e aprecie o céu
Que a noite será agitada

À noite você verá as coxas
Antes da coruja piar
Ela costuma atacar trouxas
Que se encontram por lá

Coxas que sujas de terra
Podem tudo transpor
E venceriam mil guerras
Sem precisar de amor

----Se você conseguir mais
Volte para me contar
Porque eu já estou atrás
Não posso mais me salvar

Se você conseguir mais
Volte para me guiar
Porque eu não sei como faz
Sem antes me apaixonar---

Um Copo de Bosta

Me sentei a maquina de escrever e tirei meu relógio
O tempo não era mais necessário naquele momento
Aos poucos eu fui me enchendo de sofrimento
Pronto, eu estava então preparado, ávido à escrita
Mas escrever o que? Vinha passando por dias ruins
Andava matando um à um meus sonhos de infância

Eu me sentia como se fosse um copo de bosta!
Um grande e insignificante COPO DE BOSTA!

Minha vida agora se afunilava em um túnel
Nele eu via passando aqueles desejos e sonhos
Todos escorriam água a baixo, e eu ia com eles
Torcendo pra me afogar e chegar logo no fim
Não, eu nem precisava me esforçar pra ter ar
E a luz? Sempre ouvi dizer que no fim havia uma luz

No fim do meu túnel, só tinha um copo de bosta!
Um grande e insignificante COPO DE BOSTA!

Havia parado de beber, tomava muitos remédios
Sentia dores no peito devido aos cigarros em excesso
Tinha problemas com o trabalho, chamava-o assim
Perdendo tanto tempo naquela vida sem diversão,
Sem magia, procrastinando a verdadeira felicidade
Aquela vida estava me matando, me transformando

Em um copo de bosta, e eu nem podia feder...
Um grande e insignificante COPO DE BOSTA!

Logo eu me irritei, abri o frasco de remédios,
Contei as capsulas, 15, era o meu número da sorte
Amaldiçoei primeiro o médico, depois a doença,
Jurei então que antes de qualquer médico
Daria o auto diagnóstico e também o tratamento
Que seria, óbvio, álcool e muita promiscuidade

Preencheria o mais breve possível, o copo com álcool
Meu velho amigo, o grande e imbebível COPO COM ÁLCOOL!

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Eu e o relacionamento sério!

Vou pro bar de segunda à segunda
Sábado e domingo têm frango assado
E de segunda à sexta só fracassado
Não vejo problemas em tê-los comigo

Quando bebo sozinho não vejo perigo
Pelo nome, eu chamo o garçom
E peço logo conhaque com limão
Ele pergunta meu nome e olha na lista

Eu gosto de beber e pagar à vista
São tantos bares quantos dedos da mão
Peço sem gelo pra tomar no balcão
Não cansei de ouvir: Vá pra casa amigo!

Mas é só no do bar que encontro abrigo
Alguns botecos não me vendem mais
Dizem-me: -"não meu amigo, você bebe demais"
E n'outro dia eu sei bem o que fazer

Procurar outro bar, pra poder beber
Tentar beber menos e não dar trabalho
Quiçá me enturmar e jogar baralho
Falar muito pouco, pra poder voltar...

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Que vais fazer no bar?

Você não come carne de sol,
Você não come pururuca,
Você não fala de futebol,
Você não joga sinuca.

Se não tomas branquinha,
Quiçá um conhaque.
Não xinga a vizinha,
Boteco de araque.

Se não fala com o motorista
Ou toma uma São Francisco,
Come um virado à paulista,
Acho que estás em risco.

Acho que estás no lugar errado,
Acho que estás em mesquinho covil.
Acho que deves abraçar o diabo,
Deves ir à puta que pariu.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Olhos fechados, estou voltando!

Eu fui capaz de me reerguer
De me reinventar a cada dia
Eu fiz nascer criatividade
Eu era capaz e não sabia
Hoje eu me reinventei diferente
De um jeito que não queria
Fiz nascer em mim um pobre
Pra me encher de agonia
Preciso agora destruir-me
Pra matar a nostalgia
E poder ser forte outra vez
Tanto faz seja noite ou dia
Preciso esquentar a cama
Para espantar a noite fria
Esquentar o meu coração
Naquela tarde vazia
Preciso dos meus versos
Pra reviver minha poesia
Preciso deles agora.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Comicú

A angústia me assalta.
Uma carência irreprimível
Se apodera de minha alma.
Que sensação horrível!

Que saudade das tragadas.
Que falta sinto da juventude,
Das meninas despudoradas.
Ah! Agora vendo saúde!

Daquelas noites sombrias
em que vivia sem propósito
vagando pelas vias.
Saia, sentimento insólito!

Tantas vezes que acabei perdido
e não venci na caçada,
tornando-me, assim, maldito.
Ah, lembrança infundada!

E agora sou estável,
Mesmo que não pareça mais vivo.
Fiz-me um ser sustentável.
Oh, não! Estou permissivo!

Pelo menos hoje verso.
Pelo menos neste dia
E estou outra vez aberto.
Puta! Que porcaria!